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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008
Que degradação!
Transplantes: Estado pagou 23 M€ a médicos só em 2007
Com as operações de transplante a crescerem em todo o País, nos últimos anos, o sistema de incentivos ao transplante de orgãos criado nos anos 90 e ainda hoje em vigor obrigou o Estado a pagar, só em 2007, 23 milhões de euros de incentivos a médicos e hospitais.
A notícia faz manchete na edição desta segunda-feira do Diário de Notícias, que recorda ainda que, com a recente alteração da lei permitindo o recurso a dadores vivos entre casais e amigos, os valores a pagar pelo Estado ao abrigo destes incentivos prometem aumentar ainda mais.
O diário cita ainda o caso de Eduardo Barroso, o médico da unidade de transplantação do Curry Cabral que está hoje também à frente da Autoridade para os Serviços de Sangue e da Transplantação (ASST). Em Novembro do ano passado, o Curry Cabral atingiu um número recorde de 23 transplantes, sendo que, só Eduardo Barroso, recebeu naquele mês 30 mil euros. Limpos.
A última actualização dos incentivos, já de 2006, determina que os hospitais recebam dos 13 mil euros (por uns rins transplantados) aos 55 mil euros (para o fígado, pulmões ou intestinos). A somar às verbas que já estão previstas nos contratos-programa.
De acordo com a legislação, estes valores são dados directamente aos hospitais, que retém uma parcela e distribuem o restante pelos profissionais envolvidos (de 40 a 80%, consoante os hospitais).
Nas cinco unidades que fazem estas operações, os modelos variam - os médicos podem receber por cada transplante feito no hospital, por horas extraordinárias ou por ficarem de prevenção nas escalas.
Quem faz a colheita de órgãos, também recebe uma verba extra, mas os valores são bem menores que os da transplantação.
Questionado pelo DN sobre estes valores, Eduardo Barroso afirma que «estes incentivos permitem que eu me dedique ao Serviço Nacional de Saúde com um salário semelhante ao que é praticado no privado. Porque no hospital já ganho bem, deixei a minha actividade privada. Não posso viver sem eles e não tenho vergonha de o fazer».
No entanto, o cirurgião também admite que hoje as verbas são bastantes elevadas devido ao aumento de transplantes realizados - «eu próprio acho que não era esta a finalidade dos incentivos».
Como tal, enquanto responsável pela ASST, vai propor a criação de tectos máximos para os incentivos, a partir dos quais as verbas pagas pelo Estado deixam de reverter para os médicos, principalmente os mais velhos, e passam a ser usadas apenas pelos serviços. Isto, «para corrigir eventuais exageros resultantes do aumento dos transplantes».
Além disso, admite estender os incentivos a outros especialistas que até aqui não estavam contemplados nas equipas (como os internistas ou os infecciologistas). E quer também dar mais dinheiro aos serviços que fazem colheitas.
In diario digital
terça-feira, 5 de fevereiro de 2008
domingo, 3 de fevereiro de 2008
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