sexta-feira, 9 de maio de 2008

MANIFESTUM EXPLIK AD HIPERBORIAM

Sempre me fez confusão o Edmundo ter prosseguido a partir do Immanuel como se o Frederico, o Sören e o Sigmundo, nunca tivessem escrito uma palavra que fosse. Continua-se a fazer-se método e não literatura, ou empalar diónisos, ou matar Isaac, ou exorcizar demónios. A ideia seria ir por todo o mundo e anunciar o numinoso – o das tipas que cheiram mal das saias e o dos maridos impotentes ou pusilânimes, entre outros azares [e porque é que os açorianos têm tantos terramotos?]. Os intelectuais ganharam medo ao inefável, indelével e ao indizível. Mas é aí que vivemos – lá fora ou aqui.

SÖREN
Tocámos flauta

FREDERICO
e não dançastes

Fartam-me também esses gandulos que dizem que nunca quiseram fazer metodologia, mas estratégia, inseguros dos perigos da outra via (MEDIT. 1, 11). Da última vez que li ‘da texto à acção’, não vi acção nenhuma. E o que a malta quer é acção! Queremos que nos levem ao analista como Sócrates ia ao oráculo de Delfos; viajar com Constantinus pelas óperas bufas de Berlim, deambular com o Anticristo a caminho da hiperbórea (como no filme do Conan).

SIGMUND
Entoámos lamentações

FREDERICO
E não chorastes

Aqui, ninguém quer saber de estruturas, nem mesmo os engenheiros. Não construímos nem muito menos desconstruímos. Queremos o nada, o mal, a não-significação e, Barthes nos perdoe, odiamos ler textos.
Enfim… Antes isso que um Pontapé nos Colhões!

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