sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Vasco Pulido Valente - Mais uma crónica Excelente.

A LIBERDADE VAI MORRENDO


A Mesquita Central de Oxford, muito conspícua, com minarete e cúpula, reclamou agora o direito de fazer apelo à oração, com o ruído que a ortodoxia recomenda.

Para quem viveu em Oxford, isto é difícil de engolir. Mas suponho que não haverá grandes problemas. Pouca gente irá protestar contra a "islamização" da cidade e as coisas seguirão em sossego, de acordo com as regras do multiculturalismo.

Já em Roma, um grupo de professores não permitiu que o Papa Ratzinger - um académico, um filósofo e um teólogo - fosse à Universidade de Roma, "La Sapienza", em nome da laicidade da investigação e do que ele pensa (se pensa) sobre a condenação de Galileu.

Aqui, manifestamente, o multiculturalismo não vale. Vale o velho ódio à Igreja Católica e a intolerância da "correcção política".

O direito de cada minoria se afirmar - ou, pelo menos, de certas minorias se afirmarem - acabou em conflito. Não acabou, como se esperava, numa nova espécie de coexistência pacífica.

O universalismo da civilização do Ocidente, agora desprezada, está a ser substituído por uma série de particularismos, que não reconhecem o direito à diferença e que se querem impor ou separar.

Usando uma antiga estratégia, o islão invoca a liberdade contra a liberdade. Um método que sempre seduziu a "inteligência" europeia, invariavelmente partidária da força e da repressão: a liberdade invocada para autorizar um muezzin em Oxford é a mesma liberdade invocada para não permitir que o Papa fale na Universidade em Roma.

A liberdade condena a "islamofobia" em Oxford e aprova a "catolicofobia" em Roma.

A intolerância aumenta; governa a religião, a saúde, a ética sexual (só uma é aceitável) e, contra toda a inteligência e toda lógica, começa a ressuscitar o nacionalismo.

Na Bélgica, em Espanha, na Itália (embora moderadamente), a exclusividade regional reaparece, com um ódio hesitante mas profundo. A "Europa", afinal, não juntou, separou.

Por um lado, em Bruxelas, para as pessoas se entenderem, falam inglês. Por outro, na Catalunha ou no País Basco, há quem se queira afastar ou isolar do mundo mais próximo.

A fragmentação cultural do Ocidente não trouxe a ninguém autonomia e poder de escolha. Trouxe, e continua a trazer, fanatismos de vária ordem, que pretendem reger, "regularizar" e limitar o comportamento do cidadão comum.

A liberdade vai morrendo.

1 comentário:

Anónimo disse...

Enquanto o resto do Mundo demonstra uma explosão demográfica, a Europa assiste a uma implosão demográfica. A Europa tem as mais baixas taxas de natalidade do Mundo, um crescimento natural negativo e as previsões demográficas apontam para um decréscimo da população.
A Europa tem vindo a perder a sua proporção da população mundial e o Velho Continente tornar-se-á o Continente dos Velhos.


Análise demográfica de alguns países não-europeus com semelhanças religiosas e situações algo difíceis:

Afeganistão 1950 8 milhões, 2006 31 milhões (3,9 vezes); 6,7 filhos por mulher, 50% da população têm menos de 18 anos, 6,9 milhões de homens abaixo dos 15 anos de idade.
Iraque 1950 5 milhões, 2006 27 milhões (5,4 vezes); 4,8 filhos por mulher, 50% da população têm menos de 19 anos, 5,3 milhões de homens abaixo dos 15 anos de idade.
Irão 1955 18 milhões, 2006 70 milhões (3,9 vezes); só que em 2006 1,8 filhos por mulher.
Paquistão 1950 39 milhões, 2006 166 milhões (4,3 vezes); 4,14 filhos por mulher, 50% da população têm menos de 20 anos, 23 milhões de homens entre os 15-29 anos de idade, e 32 milhões de homens abaixo dos 15 anos de idade.
Sudão 1955 10 milhões; 2005 41 milhões (4,1 vezes), 4,72 filhos por mulher, 50% da população têm menos de 18 anos, 6 milhões de homens entre os 15-29 anos de idade, e 9 milhões de homens abaixo dos 15 anos de idade.

Gaza 1950 240000, 2007 1,5 milhões (6,3 vezes)
Desde 1967, a população de Gaza e do West Bank cresceu de 450000 para 3,3 milhões (7,3 vezes), 47% com menos de 15 anos de idade.
Este acontecimento extraordinário deve-se à United Nations Relief and Works Agency for Palestine Refugees. A UNRWA, de acordo com a lei internacional, trata cada residente de Gaza como um refugiado. Fornece alojamento, educação e medicamentos a cada recém-nascido - seja o primeiro ou décimo filho.

Entre os 15-29 anos de idade, os Palestinianos tem 650000 homens e os Judeus Israelitas tem 600000.
Abaixo dos 15 anos de idade, os Palestinianos tem 1,1 milhões de homens e os Judeus Israelitas tem 600000.


Países Ocidentais:
Alemanha 1950 68 milhões, 2006 82 milhões (1,2 vezes); 1,3 filhos por mulher, 50% da população tem menos de 43 anos, tem 7,5 milhões de homens entre os 15-29 anos de idade.
Reino Unido 1950 50 milhões, 2006 60 milhões (1,2 vezes); 1,7 filhos por mulher, 50% da população tem menos de 39 anos, tem 6 milhões de homens entre os 15-29 anos de idade, e 5,5 milhões de homens abaixo dos 15 anos de idade.
Portugal 1960 8,9 milhões, 2005 10,1 milhões (1,1 vezes)
Os Estados Unidos com uma população de 300 milhões em 2006, têm 31 milhões de homens abaixo dos 15 anos de idade.


A Europa (Rússia incluída) cresceu de 40 milhões em 1400 para 400 milhões em 1900.
Entre 1900 e 2005, a população islâmica cresceu de 140 milhões para 1400 milhões, de 9% para 23% da população mundial.
A Europa (Rússia incluída) em 1950 tinha 576 milhões de habitantes, 23% da população mundial. Em 2006 tinha 734 milhões de habitantes, 11,2% da população mundial.
Hipóteses comparativas:

Se desde 1900, a população da Europa (Rússia incluída) tivesse crescido à mesma velocidade do Islão, existiriam agora 4000 milhões de Europeus em vez dos actuais 734 milhões.

Se desde 1900, a população da Alemanha tivesse crescido à mesma velocidade do Islão, existiriam agora 600 milhões de Alemães, com 75 milhões de homens entre os 15-29 anos de idade.
Se desde 1967, a população da Alemanha tivesse crescido à mesma velocidade de Gaza e do West Bank, existiriam agora 550 milhões de Alemães, com 80 milhões de homens entre os 15-29 anos de idade.
Seriam estes 75-80 milhões de jovens Alemães mais PACÍFICOS do que os actuais 7,5 milhões?

Se desde 1950 com 152 milhões, a população dos Estados Unidos tivesse crescido à mesma velocidade de Gaza, existiriam agora 945 milhões de Americanos, com 120 milhões de homens entre os 15-29 anos de idade.

Se desde 1950 com 576 milhões, a população da Europa (Rússia incluída) tivesse crescido à mesma velocidade do Iraque, o valor seria agora de 3110 milhões, em vez dos actuais 734 milhões.
Se desde 1950 com 68 milhões, a população da Alemanha tivesse crescido à mesma velocidade do Iraque, o valor seria agora de 367 milhões, em vez dos actuais 82 milhões.
Se desde 1950 com 50 milhões, a população do Reino Unido tivesse crescido à mesma velocidade do Iraque, o valor seria agora de 270 milhões, em vez dos actuais 60 milhões.
Se desde 1960 com 8,9 milhões, a população de Portugal tivesse crescido à mesma velocidade do Iraque, o valor seria agora de 48 milhões, em vez dos actuais 10 milhões.

Conclusão:

O crescimento fenomenal destes países não-europeus com populações extremamente jovens contrasta radicalmente com a Europa envelhecida, ainda para mais quando se sabe que o número de pessoas com origens não-europeias é elevado na Europa.
Será que a economia destes países não-europeus consegue atender às necessidades destas populações jovens?
Será que existe alguma relação entre altas taxas de natalidade, população jovem e a violência?
Será que existe alguma relação entre o pacifismo europeu, as mais baixas taxas de natalidade do Mundo e o facto de a população jovem europeia em idade de combate ser diminuta?
Nos períodos da História Europeia em que as taxas de natalidade eram altas, o excedente populacional era exportado para o estrangeiro. Qual é a situação actual no Mundo?

Os activistas pela paz afirmam que a vitória na luta contra a fome também trará a vitória contra a guerra e o triunfo da democracia. A análise da explosão demográfica jovem mostra repetidamente que quando a fome acaba e as oportunidades de vida continuam escassas, começa a violência. Embora a fome seja um destino terrível, não coloca uma ameaça militar. Por pão, as pessoas pedem. Por oportunidades de vida, as pessoas podem matar.